OCI - Modus Operandi

O Observatório da Comunicação Institucional – OCI – criado em 01/02/2013, é mantido por uma sociedade educativa sem fins lucrativos que reúne acadêmicos, profissionais, estudiosos e demais interessados nesta especialidade da comunicação.

O OCI é um espaço destinado à análise e reflexão crítica sobre a conduta das organizações em suas relações públicas – discurso, atitude e comportamento.

Participe enviando questões (textos, fotos, vídeos relacionados à comunicação de organizações públicas, privadas ou do terceiro setor) para avaliação e publicação.

A partir de 01/10/2013, você – ou sua organização – vai poder contribuir para a manutenção do OCI, apoiando a causa de que uma comunicação melhor faz organizações melhores e, consequentemente, um mundo melhor.

E-mail: observatoriodacomunicacao@gmail.com

Twitter: @OCI_RP


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Aula - audiovisual - de "institucionalismo".


COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

Vale a pena aos atuais e futuros errepês assistir "Flight" (O vôo), filme de Robert Zemeckis, que está em cartaz, nos cinemas, por esses dias. É, indiretamente, uma "aula" de institucionalismo - eu não me assustaria se soubesse que seu patrocinador é a NTSB (National Transportation Safety Board), poderosa agência reguladora estadunidense que trata, entre outras coisas, da investigação das causas dos acidentes aéreos.

A outra agência - igualmente robusta -, a FAA (Federal Aviation Administration) passa de raspão no argumento, mas o sindicato dos pilotos não. E é abordada a questão das relacões "com a imprensa e a mídia" (assim mesmo, separando uma coisa de outra coisa) em momentos de crise.

Responsabilidade é o "plot" - todo o tempo. Quem é o responsável? Pelo estado do avião, pelo estado do piloto, pelo estado - de ânimo - da tripulação, pelo acidente, pelas vidas perdidas, pela perda da aeronave, pela potencial falência da empresa aérea etc. etc. etc. Em certo ponto, o personagem principal - o piloto Whip Whitacker, interpretado pelo ator Denzel Washington, diz mais ou menos isso: - Eu traí a confiança pública (I've failed with the 'public trust').

É isso aí. "Public trust" é algo intangível, sutil, quase etéreo. E é com essa matéria 'prima' que os errepês - e jornalistas responsáveis - têm que lidar todos os dias. É bom que o entretenimento se preste também a dar aulas sobre coisas tão "invisíveis" quanto responsabilidade civil - algo que vem muito antes da responsabilidade - tão em moda - social.

Na minha opinião, os conflitos mostrados neste filme (tirando a noção errônea de que algumas drogas "curam" os efeitos de outras - ponto que provocou reações hilariantes na plateia de que participei ontem) e os modos de agir dos personagens do filme - e sobretudo a seriedade com que são retratadas as instituições - são exemplares e devem servir de inspiração, pois estão a anos-luz, por exemplo, da (respire fundo) Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (a "popular" Agetransp), que significa - e é - um NADA, como podem atestar os mais de 16 milhões de almas que se movem no estado do Rio de Janeiro.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Flatulência em cadeia.


Estrutura de evento do Bradesco desaba na Bahia e mata um operário. Este é "sua excelência" o fato.

O que acontece "na mídia"?

O Bradesco "solta uma nota" em que declara que "lamenta o ocorrido - a responsabilidade sobre a montagem do evento não é sua, mas de outra empresa, a TV1".

Por sua vez, a TV1 "solta uma nota" e declara que "lamenta o ocorrido - adota todos os procedimentos de segurança exigidos pela legislação vigente no país".

("Solta-se" notinhas como quem libera gases).

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

Então, tá! Ficamos assim. Não aconteceu nada, ok?

A profissão que consiste em divulgar junto à imprensa matérias - não só as boas, as más também - de interesse de pessoas, empresas e demais organizações é a de relações-publicas. No mundo todo - e não há de ser diferente no Brasil.

Flatulência...

As empresas mais toscas (tanto clientes como de assessoria) contentam-se: havendo um fato com potencial destrutivo junto à opinião pública, solta-se a nota. - Pronto... posicionamo-nos!

Aí, então, a outra parte também solta uma nota - numa flatulência em cadeia. - Pronto... replicamos! E às vezes ainda vêm uma tréplica... poom!

Neste jornalismo de "guerra de notas", quem sai sempre perdendo são: a cidadania, a verdade e a própria atividade jornalística.

Assessoria de Imprensa não é profissão. 

Assessoria de Imprensa é função. Assessor de imprensa é cargo. Mas a profissão é relações-públicas. No mundo todo. Se mais relações-públicas fizessem "assessoria de imprensa", com sua formação totalmente diferenciada em relação à dos jornalistas - que são pessoas unicamente responsáveis por escrever e "emplacar" (este é o jargão dos coleguinhas) texto do interesse de seu cliente, nunca por influir em modo de gerir - teríamos talvez menos notícias, mas com certeza melhores práticas empresariais.

Nossos empresários/executivos-clientes seriam mais responsáveis e agiriam com mais noção de responsabilidade civil - e não só responsabilidade midiática de estar "bem na foto" - mesmo quando matam.

Leia mais sobre este tema:

Gato por lebre? Não. Cavalo por boi.

Profissão: concurseiro.

Guerra de notas.


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Jornalismo é uma coisa. E Relações Públicas? Algo bem diferente.

Há muito tempo temos tentado avisar ao público que o jornalismo estava se tornando indistinto às demais áreas da comunicação. A seguir, Marcelo Ficher, coordenador deste OCI, comenta o texto 'postado' no website do Observatório da Imprensa.

A enxurrada de jornalistas em assessoria não levou a imprensa para dentro das empresas, pelo contrário, levou as empresas para dentro da redação. O chamado "modelo jornalístico de assessoria" não melhorou a comunicação empresarial na mesma medida em que piorou o jornalismo, tragicamente junto e misturado.

Daqui a algum tempo o MEC irá finalmente publicar as novas diretrizes curriculares para o jornalismo, separando essa formação das demais habilitações da Comunicação. Tomara que percebam a medida como alerta. O jornalismo existe para atender a interesses públicos, é um pilar da democracia, e seus profissionais devem ter foco e compromisso com seus princípios fundamentais.

Relações-públicas, publicitários e profissionais da comunicação de marketing são, em larga medida, administradores, são regidos pelo sucesso dos negócios das empresas que assessoram. Estão certos os que dizem que jornalistas são capazes de fazer isso. Eu penso é que não deveriam. Ou pelos menos admitir que estão fora da sua área precípua, que é por lei atribuída a outros profissionais, e se registrarem como pessoas jurídicas e se apresentarem como relações-públicas em exercício.

Fosse na Europa, deveriam entregar a carteira de jornalista no sindicato e licenciar-se da profissão. Apresentar-se como jornalista para representar uma dada organização confere uma "autoridade" a sua pessoa e ao seu representado que é própria do interesse público, porque é assim que é reconhecido o bom jornalista, iconicamente comprometido com a verdade possível dos veículos de comunicação como uma meta em perseguição. É uma autoridade imprópria, um deslocamento de sentido que, como ilustra o texto, ajuda a não distinguir ações jornalísticas - processo e resultado - de ações comerciais.

Os profissionais da comunicação nos negócios estão no seu habitat natural, a representação de seus clientes, são agentes da comunicação institucional e da promoção dos clientes. Mas jornalismo e jornalistas deveriam ficar fora disso. A ninguém interessa um jornalismo fraco. Mas essa bem que poderia ser uma consequência prevista no modelo jornalístico. A confusão entre jornalismo, publicidade e propaganda poderia ficar menor se fizéssemos como se faz no resto do mundo.

Ou você é uma coisa ou você é outra. E é melhor que todo mundo saiba.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Aula de Jornalismo com Gay Talese (entrevista ao Roda Viva, publicada em 21/12/2012)

Sobre o Jornalismo, sim, do tipo com "j" maiúsculo, vale a pena assistir à verdadeira aula dada por um dos maiores expoentes vivos dessa atividade que nos apaixona, a todos, que lidamos com relações públicas: Gay Talese.

Repórter desde sempre - a atividade que traduz toda a carga de responsabilidade - e de glamour - do jornalismo - Gay Talese trata de chefia e liderança, de inspiração (e da falta dela), da obrigação inarredável da apuração - e a desconfiança das versões de "a" e de "b" - dos fatos.

Acesse pelo link http://www.youtube.com/watch?v=wJSDNmhoLhE.

Aula de Jornalismo com Victor Navaski (entrevista ao Roda Viva, publicada em 28/01/2013)

A comunicação institucional feita por organizações governamentais, comerciais e da sociedade civil (terceiro setor), é, na grande maioria das vezes, veiculada na imprensa. E é, sempre, paga (1).

É atividade absolutamente distinta da chamada "assessoria de imprensa", a qual visa divulgação, sem pagamento, pela presença no espaço editorial (2) dos veículos de comunicação.

De resto, boas relações públicas, baseadas em peças pagas (1) de comunicação institucional ("Fato Relevante", "Informe Publicitário", "Publi-editorial" ou "Infomercial") ou em divulgação, dita "espontânea", a partir da emissão de news releases (2), requerem uma imprensa livre, igual liberdade de empresa e o uso de informação verdadeira pelas organizações. Requerem, pois, um jornalismo sadio e independente.

Tal modelo de imprensa é, para o OCI, exatamente aquele exposto por Victor Navaski na entrevista que você pode acessar pelo link http://www.youtube.com/watch?v=qIjVZioGOHo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Todo mundo precisa de Relações Públicas!

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Este vídeo - produzido por um empreendedor entrante no mercado de relações públicas - é muito feliz em fazer um esclarecimento pertinente, oportuno e necessário sobre o trabalhos dos (das) relações-públicas. Vale a pena ver e refletir sobre os benefícios que a atividade pode trazer a pessoas e organizações:


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Guerra de notas. (Trechos sublinhados são reproduzidos da mídia).

Não é de hoje que acontece uma verdadeira "guerra de notas" na imprensa. É nota para cá, nota para lá. Notinha "no Ancelmo", desmentido na "coluna do Joaquim"... etc. etc. etc.

E o leitor já se acostumou, sem perceber que, nessa guerra, quem perde é a verdade factual. O preço quem paga é a cidadania - cada vez mais mal informada. E quem se beneficia é o patronato de um jornalismo cada vez mais preguiçoso e, por conseguinte, frágil.

Vejamos o caso mais recente, de ontem.

O Metrô do Rio - pela enésima vez depois que o governo do estado decidiu criar um único "linhão" desde a Pavuna até a Barra, acabando com a baldeação (qualquer metropolitano do mundo está baseado em baldeações) na estação Estácio -, segundo O Globo (edição de hoje, página 29), "... enguiça e volta a causar transtornos a passageiros... Quatro dias depois da pane que deixou centenas de pessoas presas por mais de uma hora em trens na Zona Sul, passageiros enfrentaram novos transtornos ontem de manhã... A composição enguiçada foi rebocada 22 minutos após apresentar o problema".

Como sempre

A concessionária Metrô Rio informou, através de seu perfil no Twitter (o novo "paraíso" das notas), "que o problema havia sido solucionado, após muitos usuários reclamarem da falta de informações". (este foi o "ataque" - a primeira nota).

O contra-ataque

Conforme O Globo: "Em nota, a Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transporte (Agetransp) afirmou que vai investigar o problema".

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

E fica por isso mesmo: há normas sobre o tempo que se deve levar para resolver problemas, mas não há normas sobre o tempo que se deve levar para comunicar problemas. Os usuários do Metrô - muitos deles - afirmam que o tempo transcorrido foi "mais de uma hora". E o Metrô "afirma" (como? em nota à imprensa, ora) que foram "7 minutos" - um intervalo de tempo dez vezes menor...

O cidadão entra na estação, perde tempo, perde a hora, perde a paciência e a agência (des)reguladora (*) contenta-se em enviar à imprensa uma nota-padrão, "afirmando"  (agência afirma alguma coisa?) "que vai investigar o problema...". Sim, claro, até a próxima pane. E a próxima reclamação do usuário. E a próxima nota. E ao próximo desmentido...

Detalhe para além da comunicação: pela "gambiarra" introduzida em 2011 (criando o "linhão" acima mencionado), a concessionária ganhou mais 25 anos de direito de exploração do metropolitano. Deve ter sido pelos excelentes serviços prestados à população carioca - também vítima preferencial da guerra de notas, relevante desserviço prestado ao jornalismo.

(*) O nome completo da super-poderosa Agetransp é "Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro". Quem tudo faz, nada faz. E em seu website, a foto que "ilustra" a home é, justamente, da (linda e fake) ponte em arcos da "gambiarra" construída - para inglês ver - pela concessionária que a agência deveria fiscalizar. Veja: http://www.agetransp.rj.gov.br/agetransp/index.php.